quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ainda as sensações

Imagem extraída da obra Cobra-D'Água de A.M.Pires Cabral

Sou capaz de me despojar de tudo para conseguir captar a essência das coisas que pairam no ar. Vou a todo lado, especialmente à noite, para captar essas sensações leves, muito leves, e tomar consciência delas. Quando as capto morro. Vagueio por todo lado. Sinto pétalas a desprenderem-se dos sons do teclado, vejo olhos vidrados que vêm do meu silêncio e da noite, sinto calafrios com a minha angústia, oiço músicas que me sugerem paisagens que nunca as hei de ver e que, paradoxalmente, consigo fugir por elas. Nesses instantes, recuso-me a interromper esses pensamentos. Pairo sobre elas, percorro-as em velocidades alucinantes até consigo perder-me em frondosas florestas e correr em extensos areais. Às vezes, essas essências do “nada” tornam-se tão reais que quase as consigo tocar. Têm forma e volume. Vejo-as! Sei qual é a sua cor. Sinto-as! Sei se são quentes, se frias. Por vezes o odor do suor e das maresias pairante é tão forte que permanece em mim durante dias. Acabo por concluir que as emoções sonhadas são mais reais que as reais.

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