terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O castelo

É, talvez, a insegurança que faz de mim castelo. As dúvidas permantes encarceram-me em mim próprio. Não sinto esse isolamento como castelo inexpugnável, de bojudos baluartes e altaneiras muralhas, a não permitir que entrada a ninguém, não, não me parece! É, provavelmente, antes a minha cota de malha deste sentir rebelde, a armadura de defesa de pensamentos contraditórios, arnês das minhas cépticas e desiluções anímicas, dos meus delírios emocionais descrentes.
Seja com for, vejo-me como um castelo, um castelo onde me refugio nas insónias monumentais, local onde habitam os sonhos sempre sonhados. Por vezes, quando me encontro nesta oca fortificação de frias recordações, já em horas tardias, envolto em silêncios ruidosos, subo à torre de menagem, onde sou rei e senhor, levanto a ponte levadiça e deixo entrar a luz. Sonho! Nesse limbo de inconsciência cônscia, entre sonhos e devaneios, ecoam palavras estranhas e certeiras.
Enreda-se-me o pensamento, fere-me a vista, com tanta nitidez.

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