segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O beijo

Não foi um beijo na boca como agora se faz, que esses sinais de maior intimidade amorosa ou até sexualidade, para ele, já na casa dos entas, educado na mentalidade de outra época, eram coisas para se fazer a coberto da noite, submerso pelos cobertores e sempre nos ditames da moral. Aquele sinal de afecto não passava de um beijo de família, um beijo de boa educação, mas nunca poderá ser um rito de conotação sexual, porque ele, homem temente a Deus, todas as manifestações libidinosas e públicas que incluíssem contacto de mucosas, troca de bafos, e muito menos vasculhar de línguas, como se compreende, era já considerado pecado, um beijo de paz talvez seja esse o significado que melhor lhe cai. É que o beijo é um comportamento humano tão polissémico, a paleta de significados são tantos, desde sinal de traição, sopro de vida, paixão, amor, beija-mão, passando pelo ósculo de homenagem vassalática que convém esclarecer as coisas, só para evitar confusões.

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