sábado, 18 de outubro de 2008

A taberna

O Augusto entrou na taberna da Tia Maria Augusta. No ar pairava um cheiro inebriante a licor de Baco. A luz escasseava. No balcão de madeira, carunchosa, tingida de círculos húmidos e avermelhados, deixava prever que já muito bicho tinha sido morto àquela hora da manhã. Aos seus pés, uma corda de lixo e beatas esmagadas, alongava-se a todo o cumprimento. A tia Maria Augusta de cara queimada e sulcada pelos muitos invernos já vividos, lenço atado aos queixos, dissimulada de preto no canto interior e escuro do balcão, fazia meia, só pelo tino. Encostados ao balcão dois marchantes de gado discutiam de forma acesa o real valor da uma vitela: eu dou treze notas, dizia o do chapéu desabado. É pegar ou largar.

In: As duas faces da moeda

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